Opinião: O que está por trás da novas parcerias do Novo Som?

Por Aleckson Marcos

Não é errado dizer que a banda Novo Som é um símbolo de resistência diante das alterações  ocorridas lentamente na música gospel. Já são mais de 30 anos mantendo fidelidade ao público que o consagrou como um dos maiores conjuntos da música cristã brasileira, fruto da gigante revolução musical ocorrida na década de 80.

O desafio de ser “a resistência” e manter o seu público fiel tornou-se maior com a saída de integrantes importantes, como o Lenilton, que compôs boa parte dos sucessos da banda e foi crucial para a sua criação. É notório que a saída do Lenilton e todos os desgates causados com os desdobramentos recentes disso e que foram trazidos a público por ocasião da gravação do DVD 25 Anos – Escrevendo Histórias, deram uma baixa significativa no conjunto carioca que desde 2004 tem dificuldade para emplacar um hit.

Os esforços recentes de se adaptar à nova realidade do mercado da música, embora sejam importantes, ainda não surtiram efeitos significativos. A prova disso é que os investimentos feitos em mídias sociais, como o YouTube, e as plataformas digitais pouca popularidade deram ao EP Deus é Mais, último da discografia da banda e primeiro totalmente digital. O próprio Alex Gonzaga revelou que tem um pouco de resistência a essas tendências digitais que substituem a experiência tangível de um disco físico.

No enfrentamento desses problemas, Mito, Geraldo e Alex tem formalizado algumas parcerias estratégicas e inteligentes nos últimos meses. A primeira delas foi a gravação de Deus é Mais, de Anderson Freire, talvez o mais importante compositor da atualidade. Ao lançar uma composição de Anderson Freire, o grupo manda uma mensagem para o público,  sinalizando que está ativo, atual e conectado com o que há de mais proeminente no mercado gospel.

Em setembro de 2018, Novo Som formalizou um contrato com a Universal Music Christian Group, braço gospel da Universal Music, uma gigante do mercado fonográfico. Após a saída da MK Music, passou pela Mess Entretenimento, porém não reverberou com eficiência o seu som. No entanto, parece que agora o mercado compreendeu a ideia que o grupo quis transmitir, conforme descrevi no parágrafo anterior e, hoje, está em uma espécie de vitrine, só que as consequências desse status dependerão quase que totalmente dos próprios membros e da reação do público, já que a gravadora não tem feito tantos esforços para popularizar o novo EP. Esse parece ter sido o problema do DVD Mais que Amigos = Irmãos que objetivou unir os públicos das duas maiores bandas gospel do Brasil, porém não surtiu o efeito esperado pelos fãs por causa da dificuldade de divulgação da Mess.

Na semana passada, conforme informou o Reviva Gospel, Alex Gonzaga anunciou que um novo projeto do trio está em andamento com participação de Eli Soares, Sérgio Lopes, PG, Clóvis Pinho e um artista surpresa que será decidido pela opinião do público, interação que a banda sempre prezou com seus fãs. Ao fazer isso, novamente o mercado é incentivado a entender que o conjunto está tentando dialogiar com dois públicos, o de fãs e o que consome música desses artistas já citados. A estratégia é muito inteligente: Sérgio Lopes facilitaria o diálogo com um setor mais antigo e conservador. PG reaproxima o público novosônico com a essência pop rock do grupo. Já Eli Soares e Clóvis Pinho, pela relevância estrondosa no cenário atual, apresentariam ao seu público, formado basicamente por jovens e adolescentes, a banda de Alex Gonzaga!

Em suma, o que se percebe é que essas novas parcerias visam uma aproximação de públicos diversificados, propõe fundamentar a longevidade do trio carioca, recuperar o potencial enfraquecido pela saída de membros importantes e dizer à comunidade que consome suas músicas que o Novo Som é Novo Som e está de pé!

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