Biografia: Grupo Hágios 30 Anos

Eles estão profissionalmente há exatos 30 anos na estrada e vêm de uma época muito farta na música gospel, que culminou com a proliferação de diversas bandas de pop e rock. Eles foram e são a trilha sonora da vida de muitos jovens que tiveram certas experiências por meio de canções históricas que hoje lhes remetem, inclusive, ao momento de conversão com Deus.

Nem todo início é grandioso e nem toda história começa com pretensões globais, mas o que vem depois disso pode surpreender ao tomar rumos jamais imaginados. Foi assim com o Grupo Hágios, em 1987, na II Igreja Batista de Campos. Moisés França, recém-chegado na igreja, recebeu o convite do Samuel Hudson para formar um grupo de louvor (ainda sem nome) que se apresentasse apenas nos cultos promovidos pela igreja, cantando os louvores congregacionais conhecidos da época. Aos poucos, os integrantes do conjunto ousaram ao introduzir canções autorais.

A formação original do grupo contava com os vocais super harmoniosos de Moisés França, Marcos França, Samuel Hudson e um excelente time de músicos. A ideia de pôr um nome para o conjunto partiu do Pr. Joelson Barreto no ano seguinte, que culminou com a gravação do primeiro disco Mais que um Sonho, produzido por Silas Pereira e que contou com o clássico Ele é Jesus, composição de Moisés França.  Essa foi a canção que projetou o conjunto em âmbito nacional, a partir do Festival da Primavera em que participaram antes mesmo de ter gravado o disco, ganhando, assim em primeiro lugar nesse festival que era organizado pela Juventude Batista do Estado do Rio de Janeiro (JUBERJ). O clássico já foi regravado por diversos artistas, como J. Neto, Alex Gonzaga, Ruama e continua sendo o principal hit do conjunto pelo país afora.

Mas nem só de Mais que um Sonho vive o Hagios. O grupo gravou outros grandes sucessos, como Ladrão de Sepultura que é uma versão em Português do clássico Grave Robber, de Bob Hartman, eternizado pelo grupo Petra no disco Not Of This World (1983). Essa mesma versão já recebeu diversas regravações, inclusivo do Pr. Adhemar de Campos. A própria faixa que dá título ao primeiro disco foi bastante executada no ano de 1992 nas rádios cariocas. A música Livre  também é um dos destaques da banda e, como o próprio nome sugere, fala de libertação e da sensação de liberdade. Carvalhos de Justiça também embalou muitos corações que sentiam o ardor do chamado missionário e também foi regravada por Josué Rodrigues.

Falando para portal do Reviva Gospel, Moisés França afirmou que após gravarem o primeiro disco, o conjunto ultrapassou “os limites da igreja local, os limites da cidade de Campos (dos Goytacazes/RJ ), os limites do estado do Rio para alcançarmos o Brasil”. Porém, como disse antes, esse sucesso todo foi inesperado, não planejado e aconteceu naturalmente, quando as demais igrejas perceberam o perfil profissional do grupo e as rádios evangélicas começaram a executar suas canções. Inclusive a canção acima citada continuou sendo uma das mais tocadas nas rádios Melodia, El Shadai, FM 105 e Imprensa Gospel, 3 anos após o lançamento!

Desde o início, o grupo passou por várias formações e no ano de 1991 Moisés e Marcos França saíram, restando apenas o Samuel conduzindo os vocais. Moisés, então, lançou seu primeiro trabalho solo, o disco Liberdade que, segundo ele, “era um trabalho diferenciado do Hagios, já que era para um outro público. Não foi um trabalho com a pretensão de repetir o mesmo sucesso do Hagios. Eu fiz uma linha assim mais social (…) fala mais das questões do Brasil, não é uma coisa muito de igreja; é mais pra fora da igreja”. Foram 10 álbuns solo ao todo e o grupo continuou gravando discos pelos anos seguintes, somando ao todo 7 álbuns de inéditas. O que pouquíssima gente sabe é que o cantor Fernandinho fez parte das primeiras formações do conjunto entre os anos de 1997 e 2000, antes de se lançar na carreira solo em 2001, fazendo apoio vocal com Samuel e tocando bateria eventualmente!

Em 2015, o grupo se reuniu para lançar  DVD Acústico e Ao Vivo que inclui músicas inéditas e regravações, comemorando os 25 anos de carreira. Oficialmente, o grupo nunca encerrou a carreira, mas apenas teve algumas pausas de alguns meses e continua na ativa, atendendo a igreja e eventos em todo o Brasil.

Por Aleckson Marcos